Coclovia Brasiliense

Ciclovia Brasiliense

IPSIS LITTERIS
Uma revista de análise da informação





UMA CICLOVIA PARA BRASÍLIA

Luta por uma política de transporte cicloviário.

No momento do aniversário de Brasília, talvez caiba uma reflexão sobre o que de melhor se poderia imaginar como presente para a cidade. Qual a Brasília que queremos para o futuro? O que realmente desejarem  os seus moradores  será o que o futuro virá efetivar. Certamente tudo sempre vai depender das ações de cada um dos seus quase dois milhões de habitantes. A matéria exposta aqui pretende algo nesse sentido. Propõe ação: O início de campanha para introduzir uma ciclovia na cidade. Porém que esta venha como algo muito especial; como Brasília merece. Diante das ameaças cada vez mais consistentes de uma catástrofe ecológica global temos que tomar atitudes novas. O desafio exige uma virada de rumos.  Uma ciclovia em Brasília pode provocar muitas outras conseqüências benéficas nesse sentido. E este passo tem tanto a oferecer e tão pouco a exigir. Trata-se de algo relativamente fácil de ser construído e as benesses advindas serão inumeráveis.


As conclusões do Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas, divulgadas em Paris recentemente, mostram a necessidade de uma virada radical nos modos de vida. O que a ciência coloca, nesse documento da Organização das Nações Unidas, praticamente imputa ao próprio ser humano o quadro que já se mostra ameaçador: Aumento global da temperatura, elevação do nível dos oceanos, multiplicação de ciclones violentos, desertificação e muitos outras conseqüências desagradáveis.

Sem dúvida teremos de buscar meios de inverter esta tendência que vai a um beco sem saída. Algo precisa ser feito, evidentemente. Mas ao invés de nos entregarmos ao pessimismo e ao catastrofismo urge tomar medidas, pois certamente as haverá. Respostas já começam a ser formuladas. E uma delas certamente se centrará nesta escolha de novos meios de transporte individual e coletivo. Carros movidos a eletricidade, oxigênio, bio diesel, energia solar, são algumas soluções apontadas. Mas além de buscar matrizes energéticas alternativas, muitas outras atitudes serão bem vindas para se superar os desafios.

Curiosamente uma alternativa de transporte, a menos poluente (poluição zero), há muito já havia sido inventada e encontra-se disponível, desde o início do século XX. Trata-se da bicicleta. Este veículo facilmente associa-se ao sentimento de liberdade, bom humor e boa saúde. As suas potencialidades no contributo à uma melhor qualidade de vida não estão sendo devidamente avaliadas. A bicicleta impõe um ritmo próprio, o tempo fluindo lento e silencioso. Sustenta um verdadeiro balé de corpos em movimento. A vida desliza com mais beleza, tranqüilidade e prazer.

Ciclovia


E o poder de ação que uma ciclovia disponibiliza para uso da bicicleta não pode ser negligenciado, inclui desde as deslocações quotidianas para o local de trabalho, crianças às escolas,  ao que diz respeito a compras, serviços, lazer, atividades esportivas e sociais. Vale lembrar os serviços, com entregas diversas entre quarteirões, correios, e uma infinidade de outras possibilidades. Como esta de que a ciclovia, em Brasília, se destacaria como algo especial para o turismo.

Melhoramentos técnicos tornaram as bicicletas eficientes e cômodas, são o meio de transporte mais silencioso, econômico, acessível por seu baixo preço e custo de manutenção. E é sobretudo mais rápida do que o automóvel em trajetos urbanos curtos e médios. Um expressivo percentual dos trajetos, efetuados por automóvel, cobrem distâncias  entre 3 a 5 quilômetros. É aí que a bicicleta encontra o seu espaço: pode substituir o automóvel com inúmeras vantagens

O ano passado- Recentemente um teste foi realizado pelo Correio Braziliense. Em reportagem realizada em 18/09/2006 por Leandro Bisa, Carolina Caraballo e Adriana Bernardes, procurou-se responder qual o meio de transporte mais adequado  para percorrer 9 quilômetros no centro da cidade no horário de pico (entre 7:30 e 8:30). Concorriam o automóvel particular, o transporte coletivo e a bicicleta. Verificou-se a superioridade da bicicleta, obtendo-se esta o tempo de quinze minutos; vinte dois minutos conseguiu o automóvel e quarenta e cinco o transporte coletivo. Mesmo sem haver ciclovia, nem mesmo ciclofaixas que protejam o ciclista, este foi o resultado. Imagine-se quando houver uma ciclovia desimpedida e indo direto ao seu destino!

Mas o ganho no tempo do percurso nem de longe representa tudo o que a bicicleta tem a oferecer.
Os benefícios vão desde à melhoria da qualidade do ar ambiente e à saúde, e daí à redução nos custos com despesas médicas. Graças aos efeitos dos permanentes exercícios físicos realizados compulsoriamente.

A ausência de impacto  de poluição, tanto sonora quanto por resíduos químicos

Menor espaço ocupado para circular e para estacionar, menor degradação das vias.

Menor consumo de energia e conseqüente poupança de recursos não renováveis

E ainda, auxílio para a redução nas perturbações, de todo tipo, provocadas pelo setor de transportes, onde se destaca o uso do automóvel.

Além destes benefícios colaterais, trata-se de um meio de transporte com vantagens intrínsecas à inteligência da sua própria concepção. Ela disponibiliza rapidez e maleabilidade. Há inventos assim como a bicicleta, ou o livro, e outros mais, de difícil superação.

Acontece que ciclovias, muitas vezes são associadas ao antigo, ao ultrapassado...


Mas o contrário é o que vem se apresentando.  A cada dia torna-se cada vez mais claro que está esgotado o modelo sob o qual se formaram as grandes cidades, com trânsito caótico, poluição do ar e redução extremada das distâncias vitais entre as pessoas.

Falar de Paris e a sua novidade

Falar das outras cidades onde a bicicleta está revolucionando o transporte urbano.
Brasília nasceu durante a euforia desenvolvimentista dos anos 50, e naturalmente incorporou a grande novidade da época que era o automóvel. Nos anos JK o país, empolgado com a invenção, que chegava ao auge do seu prestígio, deixou inclusive de implementar o transporte ferroviário, muito mais econômico para transporte de cargas a grandes distâncias, por exemplo. A euforia com a modernização toldou os olhos. Havia até um provérbio político que dizia : “governar é construir estradas”. É esse o clima ideológico que explica toda uma feição local.
 A cidade nasceu  sob o signo do automóvel, com as suas largas avenidas  e  as distâncias e demais parâmetros logísticos definidos por um viés sob esta orientação. Vindo daí muitas críticas. Tida como fria, sem esquinas, e mais. Não é difícil se deparar com referências negativas: No seu livro “Ecologia Urbana e Poder Local”, Alfredo Sirkis, lá pelas tantas dispara: “ O papel da rua, de uma calçada movimentada, torna-se mais claro se observarmos o seu oposto, a “não rua. Ela pode ser uma avenida para automóveis, entre condomínios distantes, ou as avenidas de Brasília. Um vazio, onde poucos se aventuram a pé. Onde não chega a ocorrer interação urbana.” ([1] ) Estudos urbanísticos não se cansam de citar a rua e as calçadas. O contato onde circulamos em meio às pessoas que não conhecemos mas com as quais interagimos e compomos uma rede intuitiva de relações humanas úteis e saudáveis
Um dos mais importantes legados, entre os que podem vir com as ciclovias, seria essa interligação possibilitando contatos mais humanos. Amenizar as distâncias, já que em Brasília tudo é muito longe para quem vai a pé, e muitas vezes, exageradamente perto para o automóvel. Nesse hiato entra a ciclovia, a bicicleta pode tornar-se exatamente o meio a preencher a lacuna.
Haverá uma outra perspectiva, permitindo mais calma e mais interação humana. A ciclovia brasiliense poderia vir margeada por quiosques onde se tomará uma água de coco; alguém pode encontrar  um amigo, se sentar e conversar, antes de novamente seguir seu caminho. Brasília passaria a ter na ciclovia, a calçada e a esquina que dizem lhe faltar.

 


Exige-se algo especial



            Mas certamente não se proporia uma ciclovia qualquer para Brasília, a cidade merece algo à sua altura. Por isto exige-se um projeto especial, de acordo com as características especiais dessa capital brasileira que já nasceu moderna e logo tornou-se patrimônio cultural da humanidade. Portanto somente seria admissível algo digno de se incluir em meio ao desenho da cidade monumento. Muito além de uma ciclovia para o lazer, como já existem em muitas cidades, exige-se algo novo, original, projetado como o que se lança para o futuro.

Algumas sugestões


A ciclovia deverá possuir acessos para penetração em áreas comerciais, setores residenciais, tornando-se uma ciclovia funcional, para uso prático no dia a dia. Penetração seria o primeiro parâmetro.

Facilidade no uso: possuiria uma pista de ida outra para volta, independentes mas coordenadas. Isto para que se permita um desnível mínimo constante, sempre inclinada para a frente. Seria a sua característica diferencial: o deslocamento natural ao menor esforço. Isto exigirá torres para ascensão periódica. Seriam elevatórias circulares por onde os ciclistas sobem empurrando as suas bicicletas. Ou, em alguns pontos especiais, poderia se disponibilizar elevadores a atingirem o nível máximo de altitude da ciclovia.

Nenhuma, ou quase nenhuma, interseção com rodovias ou pistas exclusivas de pedestres. (nenhum pai, ou mãe responsável, permitiria a filhos menores circularem da casa para a escola sem segurança absoluta. Daí este item: segurança máxima para o ciclista).

Ligação com as pistas para lazer já existentes, como, por exemplo, a que atende o Parque da Cidade. Ciclismo de lazer e ciclismo quotidiano interligados.

Bicicletários em pontos estratégicos, como estes adjacentes ao Metrô, ou à Rodoviária, possibilitando o passageiro integrado ( ir do trabalho ao Metrô e vice versa, de casa para o trabalho). Este estabelecimento comercial deverá oferecer serviços de aluguel, manutenção, e locais para guarda segura das bicicletas.  Além de banheiros e vestiários para os ciclistas. Durante todo o trajeto da ciclovia haveriam estacionamentos adequados, oficinas de manutenção, vendas de peças etc..

Acessórios: Quiosques situados às margens, com venda de refrigerantes, água de coco, etc.

(*) Fabricantes poderão lançar modelos específicos para o DF, com parasol, protetores contra chuva, e outras inovações. Teríamos venda de roupas especiais para ciclistas, galochas, capas de chuva, bonés, protetor solar, etc..

 

Na Europa


Em várias cidades da Europa, como Amsterdã , Copenhague, Ferrara, Estrasburgo, Edimburgo ou Barcelona, já se observou que a diminuição no uso do automóvel é viável, principalmente devido ao maior uso da bicicleta.

Em Ferrara, Itália, com uma população de quase 200 mil habitantes  cerca de 30% das deslocamentos para trabalho se faz  com o uso da bicicleta. Em Basiléia ,na Suíça, este número está em torno de 33%. Cambridge, no Reino Unido: cerca de 27%. Em Dublin, Irlanda, pesquisa revelou que 11% das pessoas têm a bicicleta como meio de transporte.

Quase sempre que se fala no uso da bicicleta neste continente se pensa em Amsterdã ou Copenhague, no entanto a bicicleta é regularmente utilizada em toda a Europa. É certo, no entanto que nos países planos há maior facilidade. Brasília neste item apresenta excepcionais condições ao ciclismo como meio de transporte quotidiano. Marca-se por esta característica básica dos planaltos, e embora planejada para o automóvel, possui áreas extensas circundando as vias. O que implicará em menor custo e maior viabilidade na construção de uma ciclovia.

O baixo custo e relativa facilidade e rapidez para se realizar, tratando-se de algo com retorno tão promissor, nos faz lembrar o que disse o poeta: “canto somente o que pede pra se cantar”( [2]). Semelhantemente esta é uma idéia que, há muito, já está pedindo para se realizar.

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Apêndice

BSB/Ciclovida/2010



Mauro despediu-se da mulher e dos filhos, no jardim, enquanto ela ajustava as mochilas das crianças no bagageiro das suas bicicletas novas. Ele também subiu em sua Bike Bsb-Magno-2010 e deu as primeiras pedaladas na direção da Ciclo-L2-A, via que liga a Superquadra SQS-402, onde mora, à pista principal da Ciclovia Central de Brasília que corre paralela ao Eixo Monumental. Daí se chega rapidamente à Esplanada dos Ministérios, onde Mauro trabalha. Estava tranqüilo embora faltasse apenas alguns minutos para o início da reunião que presidiria naquela manhã. De repente avistou o seu vizinho, o deputado Gabo Fernandes, que surgiu pedalando ao lado do Bloco em frente, onde morava. Parecia animado, e os dois se cumprimentaram ao se encontrarem. O jovem deputado, recém eleito, mostrava-se entusiasmado com a cidade. Principalmente quanto à sua ciclovia original. Pelo menos foi o que fez questão de demonstrar quando conversaram na tarde do domingo.

Perto dali, ao lado da Estação do Metrô da 202 Sul, Roberto Teixeira, acabava de retirar a sua Bike predileta, a DF-070, no Biclicletário Capital. Ali se podia alugar uma bicicleta a qualquer hora. Ele já estava acostumado e por isto a preferia. Às vezes se incomodava quando chegava atrasado e tinha que escolher outra. Dali Roberto seguiria até o Shopping Brasília, na W-3 Norte, onde atuava como vendedor. Saindo do estacionamento passa pedalando pelo acesso por baixo do Eixão Sul, e entra direto na Ciclo Eixinho-2 A, e depois de cruzar a pista central da Ciclovia de modo perpendicular,  vira para a W-3. Em instantes chega ao Shopping.

Antes, no entanto, iria cruzar com numerosos outros ciclistas conhecidos , ou pelo menos já vistos por ali. À sua frente um casal deslizava, conversando enquanto seguiam em zigues zagues. Vindo da lateral surgiu aquela garota, que sempre encontrava quando passava por ali, mais ou menos naquela mesma hora. Dessa vez ela o cumprimentou. Um carteiro passou bem rápido por eles. Ao seu lado, e mais à frente, seguiam entregadores, crianças e adolescentes indo para escola, outros, como ele, dirigiam-se ao trabalho. Bem à frente, policiais, em dupla, cada qual com a sua bicicleta especial, atentos a todo o movimento. Alguns ciclistas se apressavam , outros apenas deixavam as suas bikes deslizarem sem muito esforço, cada qual com o ritmo e as necessidades impostas por seu horário particular.

O jovem vendedor mora na QNN-35, Ceilândia-Centro, e pega o Metrô a menos de cem metros da sua casa. Em pouco mais de 20 minutos está na Estação da 202, onde recolhe a bicicleta alugada, e rapidamente chega ao trabalho. Naquele instante, em que pensava na garota, pensava na vida e no futuro, o barulho de um motor o acordou. Roberto olhou na direção de onde vinha o som e viu como os carros zuniam por cima, na direção do Centro.

Os ciclistas, ao cruzarem sob o Eixo, serpenteiam rápidos como se os elos de uma imensa corrente que se move sem parar. Pelo menos é assim que parece a alguém que passar por cima e em velocidade. Nas vias automotivas classe A, não há limite de velocidade. Por isto é a preferida de Ozório, quando vem da sua casa, depois do Varjão, na estrada do Plano para a Vila Paranoá. A casa fica  na encosta e em meio a um bosque e muitas árvores. Dali se vê o lago, o azul do céu refletindo na água lá embaixo. Dista apenas 15 quilômetros da Rodoviária e no entanto é praticamente área rural. Ele trabalha no Setor Comercial Sul, na quadra 2, bem no meio do Setor Comercial Sul.

Olhando para os ciclistas ele lembra o tempo quando era praticamente impossível estacionar perto da sua loja. Agora, nem se preocupa, quase ninguém vem mais de automóvel para o Plano Piloto. E com a ciclovia os deslocamentos pequenos são todos feitos com bicicleta, o que desafoga o trânsito e os estacionamentos. Para muitos o Metrô funciona suficientemente bem, o sistema de transporte coletivo, que usava ônibus, diminuiu muito em número, mas funciona melhor agora. Apenas quem mora em locais mais afastados, como é o seu caso, precisa usar o carro.

Ozório olha pra baixo e conclui que a ciclovia foi muito bem planejada. Em nenhum momento os seus segmentos dividem o trânsito com automóveis ou motocicletas. Também não circulam nos passeios destinados aos pedestres. Vendo as bicicletas em movimento, toda vez que cruza acima de um braço da ciclovia, ele conclui que nunca iria acreditar se lhe dissessem que o futuro seria assim. Enquanto todos os prognósticos se mostravam apocalípticos, o que se via agora eram muitas e muitas bicicletas como estas que passavam como que flutuando. O futuro, afinal, estava se mostrando muito melhor do que se imaginara há menos de 10 anos. Ninguém diria que a bicicleta, esta invenção tão simples, pudesse transformar  a vida tanto assim. Os engarrafamentos, o stress, eram coisas do passado. As pessoas simplesmente já não adoeciam mais com tanta freqüência. A bicicleta trouxe ar puro, exercício, saúde e paz de espírito.

Ao cruzar o Eixo Monumental ele divisou ao  longe, vários grupos de ciclistas que, por experiência, sabia serem turistas. Eles saem direto do Setor Hoteleiro, Sul ou Norte, e geralmente preferem descer pela Esplanada. Há muitos anos atuando na cidade como agente de turismo ele já conhece de sobra o percurso. Na sua opinião é o melhor passeio, o que mais recomenda: direção Esplanada , o conjunto Cultural construído por Oscar Niemeyer, os ministérios, a praça dos Três Poderes, o Museu de Arte de Brasília, o Conjunto Cultural Banco do Brasil, a orla do lago com seus bares e restaurantes e o Setor de Clubes. Depois os turistas retornam pelo outro lado da ciclovia, se beneficiando das elevatórias, onde o ciclista novamente ascende aos pontos de maior altitude, para daí mais uma vez ter como descer na direção contrária, sem esforço. E é o que todos os turistas fazem, de volta aos seus hotéis. Realmente é um passeio excelente.







(*)Além de ciclistas brasilienses, alguns outros, inseridos nas ilustrações representando a paisagem urbana de Brasília, vieram de fotos realizadas no Rio de Janeiro, Campos, RJ e Governador Valadares, MG.
Ilustrações: A. João Guimarães, sobre fotos de João da Silveira e Izaias Gregório.


A.     João Guimarães é jornalista, atuando em Brasília desde 1985. 
Fone 30395569
Email: ajoaoguimaraes@gmail.com





[1] Alfredo Sirkis, Ecologia Urbana e Poder Local, pag 20- Fundação  Movimento ONDAZUL, Rio de Janeiro, 1999.
[2] Caetano Veloso, Força estranha.